maandag 18 juni 2007

mind this gap*

groetjes

*ou a minha participacao neste blog:

'O que me fez emigrar para outro pais?'.

Tenho duas versões prontas utilizando sempre a mais romantizada, a do amor, aquele do verão de '94. Mas na realidade a opção entre dois paises, um Portugal em que vivia, e a Holanda não foi muito difícil.

Começando pelos factos… finais de 2001. Ambos licenciados pelo IST, eu em engenharia do território (um misto de urbanismo e planeamento regional urbano) ele com o mestrado em engenharia de sistemas e robótica. No meu caso o trabalho precário a recibos verdes, o ‘vá de ferias por uns meses que agora não temos trabalho para si’, para ele a inexistência de industria no sector, a não ligação das empresas às universidades, o não escoamento de conhecimento e a não vontade de ser bolseiro até a eternidade numa universidade de vagas preenchidas. Do outro lado uma Holanda a chamar onde urbanismo é profissão de importância e com muitas empresas de alta tecnologia à espera de candidatos.

Acho que na realidade emigrei por razões económicas e essencialmente sociais. Para além das condições laborais, a Holanda era para mim um país extremamente atractivo. A maneira de viver e estar. Tudo muito organizadinho, tudo muito a funcionar.

Vivo numa vila, num polder, a menos de 30 km de Amsterdam, Utrecht e/ou Amersfoort. Ideal para as crianças (que entretanto nasceram) com a promessa de um dia ir viver na cidade grande.

Para um jovem em início de vida, conciliar emprego, filhos, casa, por aqui é mais fácil, a vida menos corrida. A possibilidade de ter uma casinha com jardim, andar de bicicleta, trabalhar em part-time para poder ficar pelo menos em casa um dia por semana com as crianças (e outro dia o pai), chegar a casa antes das seis, viver junto da natureza e junto das cidades, e acima de tudo sentir-me protegida e o saber que existe justica social.

Passados quase seis anos não sinto saudades do meu país, nada que não se supere pelas duas idas anuais. Sempre me senti pouco portuguesa e sei que nunca me sentirei holandesa (crise de identidade?). No entanto nem tudo são rosas e ainda hoje me deparo com situações as quais me tento adaptar, afinal são duas culturas bem diferentes, o relacionamento pessoal é mais dificíl e a sociedade holandesa caminha cada vez mais para o individualismo. Tenho a certeza que se não tivesse nenhuma ligação afectiva a este país aqui não vivia, parece um contrasenso com o que escrevi inicialmente, mas conheço poucos portugueses que por aqui vivem ou para estudar ou trabalhar sem a tal ligação que tolerem ou gostem deste país. Digamos que todos temos fascínios diferentes ou melhor motivações e a minha vê mais pontos positivos do que negativos.

Por enquanto não sou capaz de voltar para Portugal, isto se tiver de depender do sistema, seja ele o de saúde, o de justiça ou educacional porque tenho filhos! Acho que crescem mais felizes e com mais qualidade de vida aqui. Sei que é egoista o não querer voltar, o não contribuir para o desenvolvimento do meu país. Mas se as oportunidades algures são melhores, porque não as aproveitar? Portugal talvez na reforma e se possível algures no Sudoeste Alentejano!

ps. obrigada Maria pela acentuacao do texto!

14 opmerkingen:

  1. Incrivel como me identifico complectamente com o que dizes, também sempre tive essa vontade, uma dia que acabe o curso(arquitectura) gostava de sair do país por todas as razoes que referes muito bem!

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  2. :)
    gostei muito do teu texto!
    É muito frontal, sincero e perspicaz!
    E muito fluente.
    E gostei muito de te ver na fotografia! :)
    O teu blog transpira harmonia. Talvez porque tenhas feito a escolha certa! ;)
    beijinhos!
    (e são todos lindos!) :)

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  3. Que belas palavras! Gostava muito de experimentar viver noutro país, num que seja mais "civilizado", em que me sinta mais adaptada. Em Portugal, no meio de certos portugueses, às vezes sinto-me uma alien. Mas ainda não tive coragem para me decidir, porque aqui tenho a minha família e por receio de não conseguir satisfação profissional, sobretudo se pensar na minha formação (não é que os professores, especialmente os sem colocação, tenham muita sorte em Portugal!)
    Beijinhos,
    Marta Pinto

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  4. identifico-me completamente com o teu texto. e a qualidade de vida (e de saber viver) é também um dos motivos para nos mantermos pela Alemanha, há pouco mais de 3 anos e sem qualquer previsão (ou vontade?) para retornar ...

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  5. pois é Sónia, estou na mesma situação que tu e nomeadamente pela tua razão, neste caso a nossa razão: família!

    estive 2 semanas em PT a conhecer amigos que tiveram filhos, o estado pouco faz por eles e claro têm de pagar tudo!

    aqui tudo é simples e eficaz, o estado ajuda bem as crianças até aos 18 anos (até o dentista é gratuito até esta idade) desde a saúde à educação, este país está do lado deles!

    não voltarei por nada, apenas para matar as saudades dos meus amigos :-(

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  6. Ola Sonia fiquei encantada com o tema do teu texto e do blog que referes e onde participastes.Levantas perguntas e das respostas que me atormentam praticamente todos os dias.Eu sinto-me muito bem aqui apesar da saudade que toca como um perfeito relogio.Nao gosto de dizer mal do meu pais : Portugal(apesar de ter nascido e vivido 15 anos em Paris,que eu adoro)Nao e essa a minha intencao mas as vezes sinto-me um pouco deslocada,envergonhada por gostar da Holanda.O mais importante e que no meu ser consiguo misturar e harmonizar tudo o que esses paises me deram a conhecer.Beijos e obrigada pela tua sinceridade...ADORO O TEU BLOG!!!

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  7. Não acho que seja egoísta não querer voltar a Portugal. O facto de nascermos num determinado país não nos compromete moralmente com ele. Não tebs obrigação nenhuma de contribuir para que Portugal seja um país melhor, tens é que ser a melhor pessoa que podes ser, onde quer que estejas.
    Também não acho que Portugal seja culpado, genericamente, pelos seus emigrantes. Um país é um conjunto caótico de muitas coisas. No nosso caso, esse conjunto ainda não encontrou um sentido orgânico comum. Eu gostava de ter saído quando acabei o curso, mas não estou arrependida até à dor por ter ficado. Fiquei e pronto, espero conseguir viver noutro país um dia. Se não conseguir, espero poder viajar muito a vida toda.

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  8. Que surpresa Sónia!!! Hoje por um mero acaso uma colega minha estava a comentar um post de um blog, quando...juntando todas as partes percebi que ela estava a falar da minha colega do atelier do arqt. José Lamas!!!! Fiquei muito feliz por saber que estás bem e com uma família linda!!! Se quiseres trocar novidades o meu mail é: sofiaisidoro@hotmail.com
    Muitos beijinhos e até um dia!!!

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  9. Que engraçado, apesar de estarmos cada uma para seu lado no mapa-mundo, temos um percurso parecido.
    Só que tu vais ficar na Holanda e eu vou continuar a mudar de país ... outra coincidência, acho que foste colega duma minha irmã arquitecta ... quanto ao blog Gap, faz sentido justificar porque se sai do país no nosso século? não sei ... acho que talvez fosse mais exótico justificar porque não se sai (para arejar, pelo menos);-)
    mas esse blog não existe.
    Enfim talvez um dia me lance a escrever qualquer coisa para o Gap, never say never ...

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  10. Tambem gostava de viver ali para os lados de Aljezur...um dia...tal como tu. Tento com que as coisas menos boas aqui na Holanda nao me tirem o sono. Boa semana!

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  11. obrigada por participares e divulgares!

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  12. São argumentos mais que óbvios... o que não abona em favor do nosso país!
    Provavelmente metade da população faria o mesmo que tu se pudesse ou tivesse coragem.
    Eu gosto muito da Holanda para visitar (nunca aí vivi...) e conheço um caso semelhante ao teu.

    Tenho pena que aqui se viva numa luta por coisas pequenas e, por isso, os sistemas nunca hão-de funcionar!

    Beijocas :****

    PS - Os teus filhos são lindos... ^_^

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  13. Eu estando aqui, posso dizer que compreendo muito bem o teu ponto de vista!
    bj

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  14. Ja cheguei ate aqui, mas tu tens muitos anos de blog!!

    (E uns filhos absolutamente adoraveis)

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